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sábado, 15 de outubro de 2011

Tockamarchar pelos Fortes das Linhas de Torres Vedras

Foi com valente apreensão que relutantemente aceitei o convite de vários amigos para a 7ª Marcha dos Fortes. Após ter participado nesta actividade em 2008, tinha mesmo jurado para nunca mais. O ritmo lento da frente, com dezenas de pessoas a pisarem os calcanhares umas às outras, e a ausência de uma introdução que permitisse fazer a ligação histórica entre as comemorações do Bicentenário das Invasões Francesas e a Marcha dos Fortes, deixaram-me na altura extremamente frustrada e com as expectativas defraudadas.

Mas com tantas insistências, estes amigos lá me convenceram a ir este ano… E em boa hora o fizeram!!! :)

No meio de um intenso nevoeiro, iluminados por archotes, lá conseguimos encontrar o Forte de São Vicente, em Torres Vedras, onde chegámos às 06h55.

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«Companheiros, preparem-se para partir!», apelava o “Comandante” Veloso no seu megafone, dirigindo-se assim ao mar de gente (mais de 400 caminheiros) que àquela hora já fazia exercícios de aquecimento.

Foi só o tempo de carimbar o passaporte e trazer um pãozinho com chouriço e um pastelinho de feijão, e às 07h00 em ponto o “Comandante” dá o sinal de partida e os mais de 400 caminheiros começaram a marchar, pouco a pouco, para fora do Forte de São Vicente, nevoeiro a dentro, iluminados pelos archotes, lanternas e frontais…

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Deixámos passar a malta e, contrariamente há 3 anos, saímos em último, aproveitando para encontrar e rever caras amigas no meio do nevoeiro. Depois, descemos à cidade de Torres Vedras, passando o rio e entrando no parque da Várzea…

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Onde deixámos para trás a estátua do saudoso Joaquim Agostinho

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Amanhecia… Era hora de desligar os frontais…

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O tempo permanecia fresco e nublado… E o nevoeiro persistia, mas os ânimos estavam quentes!

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Tão quentes que, a pouco e pouco, o nevoeiro foi-se diluindo, permitindo-nos apreciar melhor a paisagem…

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Ao longe, o sol fazia-se mostrar, por entre um mar de algodão…

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Uma bola laranja no horizonte, com a promessa de um dia bem quente…

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Mas por ora, o nevoeiro mantinha-se, prendendo o sol por trás de um véu cinzento translúcido…

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Fomos avançando, passo-a-passo, pelos trilhos que avançavam pelo meio de um bosque, observando os fenómenos do amanhecer…

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Como estas teias de aranha, que prendem as gotículas de orvalho matinal…

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E caminhando, soltos, começamos a sentir o calor do sol…

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Subimos acima do manto de nevoeiro…

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E podemos observar pequenas ilhas onde antigos moinhos descansam num mar de bruma…

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À medida que o tempo vai avançando, o sol brilha agora com mais força…

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E os sorrisos dos caminheiros também!!

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Olhando ao longe o Ninho de Águia de Wellington – o alto da Serra do Socorro, a partir de onde as tropas luso-inglesas eram coordenadas…

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Rapidamente chegamos ao 1º abastecimento no Forte da Archeira, onde somos recebidos a rigor por um “representante” dos camponeses do séc.XIX que ajudaram a construir os vários fortes por onde iremos passar… De uma forma breve, faz uma pequena introdução aos fortes das Linhas de Torres Vedras e à importância que essa estratégia teve no impedimento do avanço das forças napoleónicas.

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Só por esta pequena introdução, já a organização (AMPCTV e CAAL) teve os meus parabéns!!

Mas depois veio o resto… Queques, salgadinhos e sorrisos de quartos de laranja!!

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Tockacomer e tockabeber, que a etapa a seguir é comprida e o sol já chegou!!!

Dizemos adeus ao forte e avançamos para sul.

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Espera-nos agora uma etapa de sensivelmente 13km até chegarmos ao Forte do Alqueidão onde iremos almoçar. Lentamente, começamos a descer por entre os campos meio devastados pelos incêndios de Verãotono…

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Uma vez mais em baixo, entramos numa das poucas zonas com sombra deste 2º troço…

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Depois, entramos em locais mais abertos, passando por antigos campos de cultivo, hoje secos, fruto do calor que se faz sentir…

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Passamos ainda por campos de videiras, onde as uvas já douraram ao sol…

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E com a boa disposição de sempre chegamos à localidade da Patameira, onde nos recebem com a bandeira local e tudo!!

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Continuamos a nossa viagem, a bom ritmo, sorrindo e “matando-o-tempo” à conversa…

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Apesar do calor, a boa-disposição impera!!

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Mas há que hidratar!! E a pensar nisso, a organização cria um abastecimento extra de água, que aproveitamos, para encher os cantis e repor líquidos… É muito importante caminhar bem hidratado, senão não há pernas que resistam, por isso, tockabeber!!!

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Claro que depois dá nisto… Tockafugir pra trás da moita!!!

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Ah!! Muito melhor, agora, parecem dizer os caminheiros!!! :)

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As sombras são alegremente aproveitadas para reagrupar com os amigos e deixar passar a enchente, para podermos manter o nosso ritmo sem termos de ir a pisar os calcanhares a ninguém… E ninguém pisar os nossos, tá claro!! ;)

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E a esta hora de meio-dia, até os bichinhos sabem que só se está bem é à sombrinha!!

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Aproveita-se mais uma vez para hidratar, que já estamos quase a chegar… O Forte do Simplício está aqui ao lado, o que quer dizer que o Alqueidão não está longe.

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Mas antes há uma valente subidinha… E sem sombras é ver alguns caminheiros “a cair que nem tordos”!! Sim, a expressão é mesmo esta… Houve mesmo muita gente a sofrer de desidratação durante esta etapa… Uns porque não estão habituados, outros porque não souberam dosear as energias, nem a água… Nesta última subida partilhamos pacotinhos de açúcar, água e palavras de ânimo, porque já falta tão pouco até ao 2º abastecimento…

E lá chegamos. “Comida à vista!!!” Já cheira a massa com carne!! Tockacomer!!!

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E depois de comer o petisco cozinhado pelas senhoras de Sobral de Monte Agraço, uns alongam, outros descansam, outros contemplam…

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E claro, os gulosos comem a sobremesa!! Arroz docinho… Huuuummmmm!! ;)

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E depois dos ânimos recompostos, barriguitas cheias e cantis aviados, tockapor a mochila às costas, que o Comandante já se faz ouvir “Companheiros, vamos partir!!!”

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Tockandar, que 24,5km já cá cantam!!!

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E pouco depois… 30km já estão… Mais 15 e está feito!!

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Avançamos, por entre as vinhas…

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Pelos moinhos… Esses guerreiros antigos…

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Sempre com boa disposição, apesar do cansaço que, em alguns, se começa a fazer sentir…

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Mas mantemo-nos de sorriso em riste, prontos para desbravar os 10km que faltam até ao final…

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Tockasubir… Tockadescer…

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O que interessa é apreciarmos o entardecer… Deixarmos o cansaço para trás e subir com determinação, a bom ritmo e sempre em boa companhia!!

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E num pulinho lá chegamos acima, ao Forte da Ajuda Grande, aos 37,5km… E tockadescansar!!!

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Repor é aqui a palavra de ordem… Repor líquidos, repor sais, repor açúcares… Repor energias e combater o cansaço (em particular de quem já não dorme há mais de 48h… Ah, pois é!!) E com tudo reposto e recomposto, ninguém fica para trás, vamos lá… É a última etapa!! Tockandar!!!

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Apesar de muito bonita, esta última etapa é lenta… Muito lenta no início… Ficamos parados que tempos… Sem perceber bem porquê… Uma passagem, uma pequena descida mais íngreme, sem ninguém a ajudar… Seria isso? Fosse pelo que fosse, a paragem nesta fase torna-se extenuante… Custa mais estar parado que caminhar… Mas é nestas alturas que se valoriza ainda mais o facto de se caminhar entre e com amigos… Os sorrisos surgem espontaneamente… O cansaço passa para outro plano, porque é bom ter esta companhia, é bom soltar a conversa, é muito bom caminhar em parceria…

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E os km vão-se fazendo… E entretanto, pouco-a-pouco, passo-a-passo, a noite vai caindo…

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Chegamos à Quinta do Boição onde celebramos os 42,5km já feitos, com um copito de branco de Bucelas!! Brinda-se a quem organizou e a quem participou… A quem caminhou e a quem ajudou… E assim se aproveita para reagrupar… Seguimos então, com o objectivo à vista… Bucelas está a alguns passos de distância… Tockamarchar!! E quando lá chegamos é a festa… Começam-se a ouvir os rufares de tambor e os bombos da Banda dos Bombeiros de Bucelas.

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Somos recebidos pelos Bucelenses com animada saudação, que vêm às janelas ver a banda passar, com os caminheiros atrás!!

Levados a toque de caixa, animados pelo ritmo, pelas ruas de Bucelas vamos caminhando, alguns dançando, mas todos sorrindo…

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Chegámos!! 45km feitos. Missão cumprida. Agora é a hora de alongar e, para alguns, jantar…

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Da nossa parte, foi hora de recolher aos carros e depois tockadescansar…

Em jeito de conclusão e a comparar com a Marcha dos Fortes que fizemos há 3 anos, esta foi bastante melhorada… Fosse pela agradável introdução histórica, fosse pela capacidade de se adaptarem ao calor, fornecendo água entre as paragens previstas… Fosse pela nossa estratégia diferente, de arrancarmos sempre em último, o que nos permitia fazer a caminhada ao nosso ritmo, em vez de ir na frente… Fosse pela companhia, que primou sempre pela alegria com que contagiou quem por nós passava…

Fosse pelo que fosse, creio que este ano foi um sucesso! Grata pelo convite e pela companhia, malta!! Tockandar!!

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