Quis o destino que neste dia até Genebra eu iria… E de manhã bem cedinho, lá fui eu, acima das nuvens, junto ao céu… Vendo as montanhas lá em baixo, como se fossem lençóis meio enrodilhados de uma cama que ninguém fez…
Uma vez no aeroporto, houve que apanhar o comboio… De GPS na mão, estava preparada para a conquista desta capital financeira suíça… Uma vez fora do comboio, vira para a esquerda, vira para a direita, vira para a esquerda outra vez, passa a igreja anglicana e eis o ex-libris de Genebra: o Jet d’Eau – um enorme jacto de água que se ergue a 140m de altura do Lac Léman.
Aproveito os vários ângulos para o fotografar da Pont de Mont-Blanc… E até me meto à frente do dito cujo!!
Depois avanço para o Jardin Anglais, característico pelo seu belíssimo relógio florido… Se tem flores, tenho que lá estar também, não é?!
Avançando, deambulo um pouco pelo jardim… É pequenito, mas tem alguns pormenores bonitos, como um ou outro coreto e a vista omnipresente do Jet d’Eau…
Dali sigo para a Vielle Ville, com o intuito de visitar a Cathédrale de St.Pierre, construída entre 1160 e 1230. Sigo as indicações, pelo meio das ruelas pejadas de torres… Ainda pensei perguntar a um pombo curioso se estaria no caminho certo, quando dei por um belo fresco exposto ali na rua, como se nada fosse… E eis que me aproximo da catedral…
A primeira impressão é que é um edifício escuro… Mas com alguns pormenores engraçados, como uma torre esverdeada que surge imponente no meio dos torreões principais… Uma cruz quadrada e uma carantonha surgem aqui e ali nas paredes exteriores…
Conforme entro, ouço o som de um orgão… “Isto promete!”, penso eu, mas em comparação com as nossas catedrais, esta é uma desilusão… Estou habituada a ver interiores mais opulentos, mas claro que aqui isso não existe, uma vez que em 1536 foi convertida numa igreja protestante e despida da sua sumptuosa decoração católica!!
Restaram somente, no meio dos austeros traços góticos, os vitrais e os cadeirais do coro… Um pouco à frente exibe-se o túmulo de um dos líderes da Reforma em França – Henri de Rohan. A ideia é que demasiados rococós desviam a mente da espiritualidade… Compreendo e até concordo, mas esta nave tão grandiosa apresenta-se assim com um ar… inacabado.
Isso é tão, ou mais evidente quando entramos na Chapelle des Macchabées, cujos tons flamejantes contrastam (e como!) com a austeridade da nave…
Passando uma portinha que fica à direita do altar, sobem-se umas escadinhas em caracol… Muitas!! Estreitas!! Com janelinhas que nos permitem ver o quão alto já estamos…
E uma vez no topo, apreciam-se as vistas da cidade…
E os sinos!! Sim, que nesta catedral existem vários sinos, quer dizer, alguns deles, a pesar mais de 1 ton, são sinões!! E o que é giro é que cada um tem um nome… O maior é a Clemência, com uns meros 6238kg!! Deve ter sido giro colocá-lo no sítio, deve!!
Volto novamente o olhar para o exterior, apreciando a vista… O Jet d’Eau, sempre por perto… Ao longe distinguem-se as torres douradas da Catedral Ortodoxa Russa… E à medida que as nuvens vão levantando, consegue-se adivinhar os traços das montanhas, ali tão perto…
Passo por baixo da torre verde
E uma vez no outro torreão, consigo apreciar as vistas do exterior…
Desço agora às catacumbas da catedral onde se situa o local arqueológico que põe a descoberto um antigo templo romano por cima do qual a catedral foi edificada…
Já saturada de espaços fechados, volto à rua, circulando, junto ao rio Rhône que corre do Lac Léman e se vai encontrar com o rio Arve num local chamado La Jonction. É para lá que vou, acompanhada pelo caminho por cisnes, uma ave de penas alçadas e bico em gancho, que tenta nadar contra a corrente e uma espécie que parece um pato mascarado de fantasma da ópera…
A cidade lá longe, entro no meu meio… Tranquilidade… E só o que quebra esta tranquilidade é o som de uma gaivota com o seu piar esganiçado… “Uma gaivota em Genebra?! Deve estar muito mau tempo no mar…”, penso eu.
E eis que chego a La Jonction, onde o Rhône e o Arve se juntam e é nesta fusão de rios que podemos observar as águas de diferentes cores e densidades… O Arve, vindo do Mont-Blanc, traz consigo algum calcário, apresentando-se turvo e esbranquiçado, contrastando com as águas límpidas do Rhône, vindo do Lac Léman…
Fico por aqui alguns instantes, contemplando as aves, respirando o ar frio da tarde, deixando para trás o tumulto da cidade… Tranquilidade…
Mas chega a hora de voltar ao bulício… Deixo para trás La Jonction e sigo desta vez pela margem do Arve…
À medida que re-entro na cidade, o céu, agora mais limpo, deixa ver as montanhas, ao longe, ali tão perto…
A civilização traz com ela as pontes, os edifícios, mas o que me encanta mesmo é o rio…
O rio atrai a vida… As flores olham para lá… Pássaros reunem-se junto ao Lac Léman para uma “piada” de fim de tarde… E um passarão (será um corvo marinho?) seca as suas asas ao vento…
Avanço junto às margens do lago, aproximando-me do Jet d’Eau…
Lanço um último olhar sobre a imensidão de água…
Lanço um último sorriso a Genebra e cá vou eu…
No avião, rumo a Lisboa, surge um magnífico por-de-sol…
E as luzes já estão acesas quando aterro em Lisboa, culminando assim um dia excepcional…
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