A Primavera está a chegar...

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segunda-feira, 18 de março de 2013

Tockapassear por Genebra

Quis o destino que neste dia até Genebra eu iria… E de manhã bem cedinho, lá fui eu, acima das nuvens, junto ao céu… Vendo as montanhas lá em baixo, como se fossem lençóis meio enrodilhados de uma cama que ninguém fez…

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Uma vez no aeroporto, houve que apanhar o comboio… De GPS na mão, estava preparada para a conquista desta capital financeira suíça… Uma vez fora do comboio, vira para a esquerda, vira para a direita, vira para a esquerda outra vez, passa a igreja anglicana e eis o ex-libris de Genebra: o Jet d’Eau – um enorme jacto de água que se ergue a 140m de altura do Lac Léman.

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Aproveito os vários ângulos para o fotografar da Pont de Mont-Blanc… E até me meto à frente do dito cujo!!

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Depois avanço para o Jardin Anglais, característico pelo seu belíssimo relógio florido… Se tem flores, tenho que lá estar também, não é?! Piscar de olho

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Avançando, deambulo um pouco pelo jardim… É pequenito, mas tem alguns pormenores bonitos, como um ou outro coreto e a vista omnipresente do Jet d’Eau…

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Dali sigo para a Vielle Ville, com o intuito de visitar a Cathédrale de St.Pierre, construída entre 1160 e 1230. Sigo as indicações, pelo meio das ruelas pejadas de torres… Ainda pensei perguntar a um pombo curioso se estaria no caminho certo, quando dei por um belo fresco exposto ali na rua, como se nada fosse… E eis que me aproximo da catedral…

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A primeira impressão é que é um edifício escuro… Mas com alguns pormenores engraçados, como uma torre esverdeada que surge imponente no meio dos torreões principais… Uma cruz quadrada e uma carantonha surgem aqui e ali nas paredes exteriores…

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Conforme entro, ouço o som de um orgão… “Isto promete!”, penso eu, mas em comparação com as nossas catedrais, esta é uma desilusão… Estou habituada a ver interiores mais opulentos, mas claro que aqui isso não existe, uma vez que em 1536 foi convertida numa igreja protestante e despida da sua sumptuosa decoração católica!!

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Restaram somente, no meio dos austeros traços góticos, os vitrais e os cadeirais do coro… Um pouco à frente exibe-se o túmulo de um dos líderes da Reforma em França – Henri de Rohan. A ideia é que demasiados rococós desviam a mente da espiritualidade… Compreendo e até concordo, mas esta nave tão grandiosa apresenta-se assim com um ar… inacabado.

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Isso é tão, ou mais evidente quando entramos na Chapelle des Macchabées, cujos tons flamejantes contrastam (e como!) com a austeridade da nave…

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Passando uma portinha que fica à direita do altar, sobem-se umas escadinhas em caracol… Muitas!! Estreitas!! Com janelinhas que nos permitem ver o quão alto já estamos…

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E uma vez no topo, apreciam-se as vistas da cidade…

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E os sinos!! Sim, que nesta catedral existem vários sinos, quer dizer, alguns deles, a pesar mais de 1 ton, são sinões!! E o que é giro é que cada um tem um nome… O maior é a Clemência, com uns meros 6238kg!! Deve ter sido giro colocá-lo no sítio, deve!!

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Volto novamente o olhar para o exterior, apreciando a vista… O Jet d’Eau, sempre por perto… Ao longe distinguem-se as torres douradas da Catedral Ortodoxa Russa… E à medida que as nuvens vão levantando, consegue-se adivinhar os traços das montanhas, ali tão perto…

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Passo por baixo da torre verde

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E uma vez no outro torreão, consigo apreciar as vistas do exterior…

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Desço agora às catacumbas da catedral onde se situa o local arqueológico que põe a descoberto um antigo templo romano por cima do qual a catedral foi edificada…

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Já saturada de espaços fechados, volto à rua, circulando, junto ao rio Rhône que corre do Lac Léman e se vai encontrar com o rio Arve num local chamado La Jonction. É para lá que vou, acompanhada pelo caminho por cisnes, uma ave de penas alçadas e bico em gancho, que tenta nadar contra a corrente e uma espécie que parece um pato mascarado de fantasma da ópera…

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A cidade lá longe, entro no meu meio… Tranquilidade… E só o que quebra esta tranquilidade é o som de uma gaivota com o seu piar esganiçado… “Uma gaivota em Genebra?! Deve estar muito mau tempo no mar…”, penso eu.

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E eis que chego a La Jonction, onde o Rhône e o Arve se juntam e é nesta fusão de rios que podemos observar as águas de diferentes cores e densidades… O Arve, vindo do Mont-Blanc, traz consigo algum calcário, apresentando-se turvo e esbranquiçado, contrastando com as águas límpidas do Rhône, vindo do Lac Léman…

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Fico por aqui alguns instantes, contemplando as aves, respirando o ar frio da tarde, deixando para trás o tumulto da cidade… Tranquilidade…

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Mas chega a hora de voltar ao bulício… Deixo para trás La Jonction e sigo desta vez pela margem do Arve…

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À medida que re-entro na cidade, o céu, agora mais limpo, deixa ver as montanhas, ao longe, ali tão perto…

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A civilização traz com ela as pontes, os edifícios, mas o que me encanta mesmo é o rio…

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O rio atrai a vida… As flores olham para lá… Pássaros reunem-se junto ao Lac Léman para uma “piada” de fim de tarde… E um passarão (será um corvo marinho?) seca as suas asas ao vento…

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Avanço junto às margens do lago, aproximando-me do Jet d’Eau…

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Lanço um último olhar sobre a imensidão de água…

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Lanço um último sorriso a Genebra e cá vou eu…

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No avião, rumo a Lisboa, surge um magnífico por-de-sol…

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E as luzes já estão acesas quando aterro em Lisboa, culminando assim um dia excepcional…

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