Estivemos na Serra de Montejunto, dantes conhecida pela Serra da Neve... outros tempos, em que se fundou a Real Fábrica do Gelo, para arrefecer os ânimos de El-Rei e sua Corte!
A água era acumulada nuns tanques e durante a noite, com as temperaturas gélidas da serra, congelava. Era nessa altura, à noite que se dava a dura azáfama de cortar o gelo em blocos e depositá-los em poços, de onde mais tarde eram recolhidos, embrulhados em palha e sarapilheira e carregados no dorso dos burricos que lá vinham de lombo bem fresquinho descendo a serra; daí partiam em carros de bois até ao porto do Carregado, de onde seguiam a toda a brida e por ordem real até Lisboa, onde se derretiam em reais sabores.
Estivemos bem pertinho do cume de Montejunto, aos 666mt (belo nº!) de altitude, de onde se pode espreitar toda a Estremadura em redor. "Num dia de boa visibilidade até se avistam as Berlengas...", diz a guia. A visibilidade não era má, mas havia um pouco de bruma no horizonte, pelo que teremos de voltar a Montejunto para termos essas vistas...
E ficámos com vontade de voltar.
Sim, eu sei... Digo sempre isto... Mas o que querem? É verdade!
O local é bonito, o dia estava solarengo e óptimo para palmilhar terreno, o brotar dos primeiros crocos (umas florzinhas rosadas, rasteiras, tipo bolbos, que aparecem no final do Verão e do Inverno) os aromas de pinheiro, intercalados de alecrim, pontuados aqui e ali de tomilho e menta... Dá vontade de regressar, pois claro!!
Mas nem tudo foram rosas... Não havia cardos, mas alcachofras eram bastantes, agora as sacanas das silvas eram aos milhares! E nem o sabor das frescas e doces amoras apaga os arranhões que as silvas nos infligiram a todos...
E agora vocês perguntam "Atão mas levavam guia... Não andaram por trilhos?"
Andámos, pois... Por trilhos nunca dantes palmilhados era o que parecia!!! Fazendo a ligação entre um trilho e outro pelas silvas e pela cascalheira, entre vegetação que se tinha adensado desde que o trilho tinha sido palmilhado pelos guias...
Mas também se assim não fosse, também a estória não tinha tanta piada...
E esta teve bastante piada!!!
O grande senão foi mesmo a ausência de fornecimento atempado de água pela organização. Em todas as caminhadas que fiz com apoio municipal, tivemos sempre fornecimento de água e barras energéticas a meio! É usual! Mas aqui foi por sorte, que já quase no final na caminhada, ao chegarmos à estrada encontrámos a carrinha da organização e alguém lhe perguntou "Trazes água?" À resposta afirmativa seguiu-se a correria às deliciosas garrafas de água que socorreram os caminhantes sequiosos.
Acho que quase todos já traziamos as reservas abaixo dos mínimos... Sendo uma caminhada paga e realizada por um município, com o apoio de uma entidade bem conhecida nas lides do pé posto ao trilho, esperava uma melhor organização a nível de logística... e mesmo a nível de (re)conhecimento do próprio trilho em si.
Mas contas feitas, o balanço é mais que positivo!
Os arranhões já tão secos, mas as boas recordações perduram!
E mai nada!!
2 comentários:
Boa noite
Pela Isabel Tiago do Blog "Partilhar Diferenças" foi-me indicado este cantinho, já dei por cá uma voltinha e gostei imenso, lindas fotos, artigos muito interessantes, lindos trabalhos e vou voltar pois não deu para ver tudo.
Bjs
Bom dia
Muito gosto em visitar o seu blog e agradecer a visita ao meu. Vejo que a Mara já entrou em contacto e penso que vai gostar de acompanhar no futuro.
Eu na questão da Fábrica da Pólvora consegui estas e muito mais fotos porque chegámos cedo ao local e eu raspo-me de imediato precisamente para encontrar os sitios mais ou menos desimpedidos.Dá outro encanto às nossas fotos e por outro lado, hoje na era da Net é sempre um bocado complicado estarmos a divulgar fotos publicamente com pessoas que não conhecemos e que de alguma forma têm direito de não gostar de ser apanhados, ainda que no bom sentido.
Eu também gostaria de fazer esse tipo de passeios a pé mas como não posso decidir sózinha, até ao momento não me foi possível. Já tenho tido convites para coisas muito giras mas tem sido adiado, até para um passeio de barco no Tejo.
Tenho esperança de algum dia poder concretizar esse meu desejo. Vamos ver.
Conheço muitas pessoas que participam nesses passeios que além de saudáveis para o fisico são excelentes para a mente e onde se aprende muita cultura.
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