O que em tempos seria a festa das colheitas, foi habilmente transformado num feriado religioso, ainda hoje celebrado em diversos concelhos portugueses.
Ainda se lembram de ir à espiga quando eram miúdos?
Eu lembro. Íamos os putos todos lá da rua apanhar espigas, papoilas, malmequeres e ramos de oliveira para depois fazermos uns raminhos e oferecermos às mães que, embevecidas, os penduravam por trás da porta de entrada para dar sorte e abundância todo o ano.
É uma tradição bonita, se bem que hoje em dia os raminhos vendem-se, e já pouco se colhem.
Ontem tinha na ideia ir à espiga, mas o dia estava tão solarengo que fui até à praia... e lá só havia areia mesmo e um mar imenso (e frio)...
Mas voltando à espiga, quando ia a sair de casa, cruzei-me com um pai que levava o filho pela mão, e o filho trazia um raminho; em conversa com eles apercebi-me que afinal não faziam ideia de qual o significado atribuido a cada um dos elementos do ramo.
Daquilo que me recordo e do que pesquisei, cheguei à seguinte conclusão que convosco partilho:
- Espiga = pão & alimento
- Malmequer = ouro & prata
- Papoila = vida & amor
- Oliveira = luz (azeite usado para as candeias que alumiavam a noite) & paz (o ramo de oliveira no bico da pombinha da paz)
- Videira = vinho & alegria
- Alecrim = saúde & força
Afinal, acabei nem por colher, nem por comprar o dito raminho... Limito-me a ver os muitos ramos naturais que por aí se encontram, nos campos, no caminho para casa ou para o trabalho, em que flores, espigas e ramos dançam ao ritmo da brisa e brilham à luz do sol...
Mas talvez ainda faça um, com muitos raminhos de oliveira e alecrim, e papoilas com fartura... tudo o resto vem por arraste...
Sem comentários:
Enviar um comentário