Estava um dia magnífico… Um sol maravilhoso pairava no horizonte quando chegámos ao Forte de S.Vicente, permitindo-nos avistar ao longe o nosso meio-objectivo... A Serra do Socorro.
Entusiasmados, ouvimos as explicações sobre os locais por onde iríamos passar, bem como a forma como as comunicações eram transmitidas através de um telégrafo entre a Serra do Socorro e os vários fortes das Linhas de Torres.
Partimos sem demora, descendo pela “saída dos fundos”, rumo a Torres Vedras, passando a Capela do Ameal, com a sua torre sineira gótica.
Em passo rápido, atravessámos a urbe de Torres Vedras…
Entrando, pouco depois, num espaço mais natural, passando o aqueduto e indo dar a um vale encantado…
As gotas de orvalho pendiam das árvores, como diamantes, a reluzir ao sol matinal…
Um sol que nos enchia e iluminava o Vale de encantos…
Seguimos pois por este vale, seguindo o curso do Sizandro até chegarmos às Termas dos Cucos. Agora desactivadas, foram em tempos um complexo termal que aliviava quem sofria de maleitas dos ossos e articulações…
Deixámos as termas para trás, seguindo um belíssimo trilho, ao longo do rio Sizandro…
Parando para visitar um antigo forno de Cal, onde hoje as árvores crescem numa mancha de verde luxuriante…
Mais à frente, encontramos o que resta de algumas azenhas que outrora usavam a força do rio em proveito humano…
E continuamos a nossa viagem…
Observando a paisagem…
E aproveitando para observar as flores… Avincas, que aqui crescem, orvalhadas, junto ao rio…
Cruzamos a linha do Oeste, com jeitinho, pois este troço ainda não foi desactivado, observando ao longe o túnel dentro de um túnel, dentro de um túnel… Como aquelas matrioshkas russas…
Seguimos o nosso trilho que nos conduz através de paisagens belíssimas, onde o verde e o azul competem pela companhia dos ocres e dos castanhos e dos brancos…
Mais à frente, um campo onde a amarela flor de trevo (azeda) é rainha… Ninguém resiste a trazê-las para casa (via foto, claro está!)
E tockasubir, que no regresso viremos por ali…
Após a subida, fazemos uma breve pausa para reagrupar e cheirar as flores… É o melhor que a vida traz… Aproveitar os momentos.
E depois, pé novamente ao trilho… Passando lagoas, campos abertos e bosques…
Aproveitando o magnífico sol, vamos caminhando, soltando o passo, sorrindo…
Observando um antigo moinho, com vista para os moinhos de vento actuais…
Observando a paisagem, imaginando o que foram em tempos aquelas terras… A quantidade de gentes que por ali cuidava da terra que deles cuidava…
Restam hoje ruínas, lembranças de uma era perdida no tempo, por onde passamos alegremente…
Um cavalinho observa-nos ao passarmos por ele… Observamo-lo nós também, a crina brilhando à luz do sol, o porte bonito, o olhar um pouco triste (talvez por não poder seguir connosco)…
Observo também à minha frente a saudável picardia de quem caminha a par… e passo…
Brincando alegremente e sorrindo à Vida! Que bom é caminhar assim, de mão dada com quem nos quer bem!
Passamos os campos vestidos de verde e amarelo… Não, não são referências ao Brasil, mas à flor de trevo que nesta altura do ano, desponta para o sol, abrindo as suas pétalas de par em par, como que a reflectir a sua luz…
Uns passos mais à frente e outras flores captam a minha atenção… Margaridas roxas…
E um pequeno caracol que usa uma pétala para se abrigar do sol…
E após uma pausa para repor líquidos e energia, começamos a subida, com vista para a Serra do Socorro, lá no alto…
Infelizmente não chegámos a concluir esta subida… A caminhada ficou assim… interrompida.
A ela voltaremos certamente um dia para homenagear o companheiro Fernando que ali nos deixou, partindo cedo demais, enquanto fazia algo que gostava, entre amigos e no meio da natureza…
Pensei várias vezes se haveria ou não de publicar esta foto-reportagem… O final abrupto foi muito duro para todos os que nela participámos…
Contudo, acabei por me decidir por publicá-la… Como forma de lembrar o quão frágil, mas bela, a Vida é… E o quanto vale a pena Vivê-la…
Dedico esta foto-reportagem à memória do Fernando… Requiescat in pace.
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